quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Cresci com a Serie A

Cresci com a Serie A,


Cresci a acompanhar um campeonato que aliava as estrelas dos anos 90, com poderio económico e com uma cultura táctica brutal. Cresci a ver equipas como o AC Milan de Baresi com sistemas tácticos inovadores, vi um Parma com um crescimento absurdo apoiado por uma empresa com imenso dinheiro para investir (tudo similar com os “novos brinquedos” dos ricos na Premier League), um Internazionale com jogadores que iam de Bergomi a Ronaldo Lima, Juventus com Rava e Vialli e um Del Piero ainda com o 21 nas costas.
Assistiamos a um campeonato cheio de estrelas, com poderio, mas acima de tudo com identidade. A forma de jogar que tanto gente abomina era rei. Os sistemas tácticos utilizados defendiam essa mesma identidade.
Essa identidade perdura em muitas equipas ainda da Serie A, perdeu poderio financeiro e mercado televisivo mas perdura o que melhor fazem em Itália, defender.
Sempre gostei e admirei o processo defensivo, agregado a transições rápidas. Sempre admirei a capacidade de um treinador influenciar um jogador para passar 60/70  % do tempo sem bola e ter frescura mental para sair em ataque rápido ou contra-ataque orientado e objectivo. Esta é a forma que gosto de ver. Segundo alguns adeptos é um “jogar mal”.
E o que é jogar mal?!
É uma equipa que tem como objectivo jogar desta forma, estar completamente orientada para defender e dar a bola a outra equipa?! Porque?
Uma equipa que segue esta forma de abordar o jogo e cumpre com o que o treinador pede, não está a “jogar mal” , está a abordar o jogo como entende.
Nada obriga a uma equipa abordar os jogos com posse de bola ou ataque planeado, se a estratégia for defender, forçar o erro e aproveitar esse erro tem tanta hipotesse de ter sucesso como qualquer outra. Uma equipa com esta abordagem trabalha tanto como qualquer outra!
Alguns defendem que esta forma de abordar os jogos retira adeptos dos estádios, não posso discordar mais!
Quem diz isso esquece claramente tudo o que move qualquer adepto. Paixão!
Paixão essa que está sempre presente no adepto, e que exponencia nas vitórias, no sucesso no campeonato ou em qualquer competição envolvida.
Não há adepto que diga, “ Não quero ganhar, quero é jogar bem”.
Todo o adepto quer ganhar, quer chegar de peito feito ao trabalho, ao café, quer postar no facebook a tabela e o Clube que defende estar em primeiro. Pouco interessa como. O que interessa é o resultado!
Resultado, o barómetro que define tudo, treinadores, jogadores, presidentes, todos!
Um treinador depende disso, da bola que entra ou não. Se entra e defendeu 89 minutos e não sofreu nenhum é excelente, se sofreu não presta. Não há volta a dar nisto.
Pouco são aqueles que, com todo o dinheiro que o futebol mexe, têm tempo para não ganhar.
Ganhar apenas e só! Como jogam, como marcam, como não sofrem pouco importa.
E com isto quero demonstrar que jogar desta ou daquela forma, apenas serve para gostarmos mais ou menos de ver futebol “dos outros”. Não da nossa equipa. A nossa paixão quer é vitórias!